No mês em que se celebra o amor, o Defensor Público Federal André Naves chama atenção para um tema ainda cercado de tabus: a sexualidade e o afeto de pessoas com deficiência (PcDs). Em alusão ao Dia dos Namorados, Naves destaca a importância de produções culturais como a peça “Meu Corpo Está Aqui”, que vem percorrendo todo o país, levando uma reflexão potente sobre amor, desejo e pertencimento nos corpos PcDs.
“O amor é um direito, assim como o desejo. Falar sobre sexualidade de pessoas com deficiência é romper com séculos de invisibilidade. A peça ‘Meu Corpo Está Aqui’ é um manifesto artístico que nos convida a enxergar a humanidade plena desses corpos, que sentem, amam e desejam como qualquer outro”, afirma o Defensor Público.
O espetáculo, que tem emocionado plateias de Norte a Sul do Brasil, traz no elenco artistas como Juliana Caldas, Pedro Henrique França, Bruno Ramos, Rafael Muller e Jadson Abraão. A montagem mistura depoimentos reais e ficcionais, retratando os desafios, preconceitos e as vivências afetivas e sexuais de pessoas com deficiência. Dirigida por Julia Spadaccini e Clara Kutner, a obra já foi reconhecida com premiações como o FITA Revelação, APTR e Prêmio Shell.
“Precisamos entender que a sexualidade é um direito humano fundamental. Negar ou silenciar esse aspecto na vida das pessoas com deficiência é perpetuar uma lógica de exclusão. Temos que desconstruir mitos e combater preconceitos. Produções como essa são fundamentais para promover uma cultura de justiça social e inclusão”, enfatiza Naves.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com algum tipo de deficiência — cerca de 15% da população global. No Brasil, segundo o IBGE, são mais de 18 milhões de pessoas. “E ainda assim, seus corpos são sistematicamente invisibilizados quando o tema é amor, desejo e prazer”, diz o Defensor Público, que complementa: “O amor é para todos os corpos. E garantir que isso se reflita na cultura, nas políticas públicas e na vida cotidiana é um passo essencial para uma sociedade verdadeiramente justa e inclusiva”, conclui.