OMS estima que mais de um bilhão de jovens poderão desenvolver perda auditiva – *Dra. Savana Goretti

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Usar fones de ouvido, seja para estudar ou trabalhar, pode ser um dos momentos mais prazerosos do dia. No entanto, esse hábito, que parece inofensivo, pode causar danos auditivos irreversíveis, alerta a Dra. Savana Goretti, otorrinolaringologista do HOPE – Hospital de Olhos de Pernambuco. De acordo com a médica, a combinação de volume alto e uso contínuo representa um risco significativo à saúde auditiva, especialmente em pessoas com predisposição genética.

“A exposição abusiva a sons altos com fones de ouvido pode gerar perda auditiva permanente. Quanto maior a intensidade e a frequência do uso, maior o risco”, afirma a especialista. Ela ressalta que esse problema aumenta entre profissionais que trabalham diariamente com fones e em pessoas que usam o aparelho por várias horas consecutivas.

“Idealmente, o uso contínuo dos fones deve ser limitado a 3 ou 4 horas por dia, com intervalos. E o volume não deve ultrapassar níveis moderados. Sons acima de 85 decibéis não devem ser ouvidos por mais de 15 minutos”, orienta a Dra. Savana.

O tipo de fone também desperta dúvidas entre os usuários, mas, segundo a médica, o problema não está no modelo — seja intra-auricular, concha ou bluetooth —, mas sim na intensidade e frequência do uso. “O mais importante é o volume e o tempo de exposição, não o tipo de fone em si”, diz a Dra.

Os primeiros sinais de perda auditiva costumam ser sutis: dificuldade em entender conversas, especialmente em ambientes com mais de uma pessoa falando, surgimento de zumbidos e sensação de ouvido abafado. “Essa perda pode ser unilateral ou bilateral, e às vezes vem acompanhada de tontura, dependendo de questões labirínticas envolvidas”, explica a médica.

Ainda de acordo com a Dra. Savana, há uma distinção entre a perda temporária causada por situações pontuais — como sair de uma balada com os ouvidos apitando — e a perda permanente, provocada por uso frequente e exagerado de fones em volume alto. “A perda auditiva que se repete diariamente com som alto é definitiva, discorre”.

Crianças e adolescentes formam um grupo especialmente vulnerável. “Eles começam a usar fones muito cedo e, muitas vezes, com volumes excessivos. O risco de perda auditiva precoce e irreversível é maior nesse grupo do que em adultos que começaram a usar fones tardiamente e de forma mais controlada, comenta a otorrinolaringologista”.

O diagnóstico precoce é essencial. A avaliação inclui exames como audiometria, imitanciometria e emissões otoacústicas. Segundo a especialista, esses testes ajudam a identificar alterações auditivas ainda no início, antes que a perda se torne mais grave.

O alerta não é isolado. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de um bilhão de jovens, no mundo todo, poderão desenvolver perda auditiva a longo prazo devido ao uso abusivo de fones. Antes, a perda de audição era mais comum na terceira idade. Hoje, é cada vez mais frequente em jovens”, destaca Dra. Savana.

Campanhas de conscientização já existem em escolas e plataformas digitais, inclusive com alertas automáticos quando o som ultrapassa níveis seguros. “Mas nada substitui a conscientização individual. Os pais devem estar atentos, e os jovens, cientes dos riscos que estão assumindo”, finaliza a médica do HOPE.

*Dra. Savana Goretti é otorrinolaringologista do HOPE – Hospital de Olhos de Pernambuco

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