Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca em uma agenda internacional rumo à Rússia. Durante a viagem, o presidente participará das celebrações dos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na segunda guerra mundial.
O governo diz que a viagem tem o objetivo de colocar o Brasil como mediador de paz no conflito entre Rússia e Ucrânia, além de passar o sinal de independência da política externa brasileira. Gunther Rudzit, professor de relações internacionais da ESPM, reforça que o Brasil defende o multilateralismo e a paz no mundo. Por isso, considera essa viagem um fator de risco, uma vez que é arriscado basear uma política externa em suposições de que as relações entre Estados Unidos e Rússia melhorem. “O que o presidente Putin (Rússia) faz vai contra os dois princípios que o governo brasileiro defende. Putin não segue o multilateralismo, vai em linha bem parecida com a de Donald Trump: o mais forte manda, o mais fraco obedece”, diz.
“Ao se aproximar da Rússia, o Brasil indiretamente apoia esse enfraquecimento do multilateralismo”. Do ponto de vista comercial, interessa muito mais para o Brasil ter uma boa relação com os Estados Unidos do que com a Rússia. “Efetivamente, os governos americanos são explicitamente anti-multilateralismo. Navegar neste jogo de poder é muito difícil e tem seus riscos. Uma visita direta a Moscou é colocar em risco uma relação com a Europa. Ainda mais nesse momento, em que o governo brasileiro gostaria de ver um acordo entre Mercosul e União Europeia ser efetivamente fechado. Esta seria uma bela resposta ao governo americano. Tanto do ponto de vista brasileiro, quanto europeu”, conclui.
*Gunther Rudzit é professor de relações internacionais da ESPM