Força, sensibilidade e transformação! – *Renan Aversani Silva

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O Dia Internacional da Mulher não deve ser visto apenas como uma data para se presentear as mulheres com chocolates e flores. Celebrado em 8 de março, o Dia Internacional da Mulher é uma data que nos obriga a refletir sobre a luta das mulheres por igualdade de gênero, conquistas sociais e desafios ainda enfrentados por elas em todo o mundo.

E no papel de homem e policial, não quero falar apenas da data comemorativa e sua origem, ou de números e estatísticas, seria o mais do mesmo. Neste artigo quero falar sobre as mulheres que exercem a profissão policial militar.  Mulheres que todos os dias andam armadas, calçam botas, usam cinturão, ajustam coletes à prova de balas (roupas pouco glamorosas), mas que saem às ruas para proteger a sociedade composta por outras mulheres, que são vítimas de violência doméstica, vítimas de abusos, de preconceitos…

Você sabia que a Polícia Militar do Estado de São Paulo foi uma das pioneiras ao estabelecer uma força policial integrada por mulheres já em 1956? Desde então, a presença feminina na instituição tem crescido, embora a passos lentos, mas tem quebrado barreiras e paradigmas. Hoje, elas já são 15% do efetivo total e provam diariamente que são mais que resistência, elas são transformação!

Embora a figura policial militar seja predominantemente masculina e ainda exista preconceito com a mulher na função, muitas são respeitadas e admiradas por seus pares e pela sociedade. É o que conta a SD PM Lopes, que faz parte do quadro de policiais militares da 2ª Cia do 14º BPM/M, em Osasco. “A população de forma geral admira as policiais femininas, por que nossa imagem fardada acaba desconstruindo padrões que relacionam a mulher com fragilidade e isso gera o apreço de muitos”.

Na questão operacional e no atendimento das ocorrências, a SD PM Lopes afirma que a sensibilidade ajuda na solução de conflitos e até em ocorrências que envolvam violência contra a mulher. “Sem dúvidas, nós mulheres temos logo de início mais facilidade quando a ocorrência envolve parte feminina, pois, criamos empatia com a trajetória de sofrimento e abuso que muitas vezes as mulheres sofrem dentro de casa e não têm meios para resolver, isso ajuda a entender a vítima.”

É o que diz também a 2º Ten PM Gatto, que ocupa o quadro de Oficiais do 14º BPM/M e hoje trabalha como Comando Força Patrulha noturna. Ela conta que embora existam dificuldades, o fato de ser mulher proporciona vantagens que só a feminilidade proporciona: “Às vezes vamos atender ocorrência de violência doméstica ou até ocorrências que envolvem crianças e com a sensibilidade e delicadeza da mulher é mais fácil criar um Rapport e trazer a pessoa para nosso lado e conquistar a confiança.”

Porém, embora existam experiências positivas para muitas mulheres, infelizmente a sociedade ainda não avançou a ponto de enxergar a mulher como ela deve ser vista, como um ser humano capaz de exercer a mesma função de um homem e até melhor em muitos quesitos.

Muitas das vezes a mulher precisa se desdobrar para provar sua capacidade de exercer funções num ambiente masculino, é o exemplo que a Tenente Gatto conta: “Por existir este estereótipo da mulher ser frágil e delicada nós precisamos ter uma postura mais firme e demonstrar mais serviço pra sermos vistas como capazes de exercer a função tanto operacionalmente como administrativamente”.

De fato, ser policial militar feminina é sobre força, sensibilidade e transformação. É escolher servir à sociedade mesmo sabendo que, em cada ocorrência, será julgada antes de sua competência, mas que a capacidade de superação é algo que ninguém nunca poderá tirar da mulher.

Neste 8 de março parabenizo todas as mulheres policiais militares por não perderem a humanidade e sensibilidade em uma profissão que, às vezes, tira isso de você. Por lembrarem a todos nós que a polícia que queremos — mais justa, mais igual e mais assertiva— só existirá quando mais vozes femininas estiverem nas ruas e nas salas de comando.

*Renan Aversani Silva é Bacharel em Comunicação Social e Jornalismo / Pós-graduando em Comunicação Corporativa Estratégica e Gestão de Crise- FAAP/ Técnico em Polícia Ostensiva e Preservação da Ordem Pública

Foto: 14º BPM/M

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